sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SOCIEDADE EXPURGATIVA



Expurgue a raiva, o medo
os sentimentos
Expurgue a si mesmo, os pecados
expurgue os erros.

Não evolua, não sinta, não viva
Nem imagine, vegete
Unicamente absorva, nunca transmita.

Não pense, não crie
nem ouse criticar
Aceite, ouça, cumpra as ordens
e saiba se calar.

Mantenha sua cabeça abaixada
Nunca me olhe nos olhos
Tampouco sonhe outra estrada.

Deixe os grilhões te acomodarem
Porque a conivência,
será sempre, juventude,
a sua única qualidade.

Eis as tarefas da vida,
dita o expurgo sistema.
Expurgue a sua vida inteira!


  



LEONARDO TEIXEIRA
09/02/06

PROTESTO AMBULANTE

Eu sou o protesto ambulante
Molambo, farrapo fétido
Subproduto da sociedade.

Eu sou sua indigestão
Sou eu o parasita
Que consome suas vísceras.

Eu apenas vomito minhas atitudes
E te invejo com gula
Unicamente pelo bel desfrute.

Eu sou o teu futuro morto
Sou o reflexo deste ou daquele medo
E me banho sempre de desgosto.

Eu sou descendente de um aborto
Filho da maldade e do desespero
Sou nada mais que um mero erro.

Sou vivo-morto,
Um zumbi perdido na escuridão
E eu sempre me encontro comigo
Em meio à multidão.

Eu sou o remanescente grito rebelde
Despejado sobre surdos
Atolados numa vida de decepção.

Hoje não sou ninguém
Mas ontem...
Todos foram meu eu.

Eu sou meu débil ego
No infinito dilacerado
Eu e minhas idéias...
À sangue frio guilhotinados.

E vou gritando nu, em pele e osso,
E minha carne sangra
A minha alma, ínfima,
Em suplícios se derrama.

Agora ouçam-me
Seus vermes, pseudo-cerebelos
Pois eu ilustro suas facetas
Suas glórias e pesadelos.

Porque eu vou cegá-los
Com minha angústia e ira
E em suas mentes, à pena crua,
Meus versos eternizar.

E nesse dia, talvez,
Nenhum de vós há de acreditar-me
Todavia me verão
O podre ser Humanidade.

(E não morrerei sem ter tentado!!!).







LEONARDO TEIXEIRA
05/10/2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MUNDO E HOMEM

O homem vivencia o mundo e, ambos,

Mundo e homem se conhecem.

O homem nasce, evolui e envelhece.

O mundo compartilha e muda

E, também, amadurece.

 

Porém, o homem cobiça, polui

E, esnobe, se enaltece.

Como se fosse a única

Ou a melhor dentre as espécies.

 

A este mundo, desfigurado,

Restam as cinzas do fogo-fátuo,

Pois lentamente ele fenece.







LEONARDO TEIXEIRA
28/10/2010