segunda-feira, 23 de maio de 2011

POEMA DE AMANHÃ


Brindo hoje aos afazeres da aurora
Alvi-claro, feito um cálice d'água limpa
Enquanto que, para os ditames de outrora
Restam apenas boca muda, lama e cinzas.

Brindo sim! A esta manhã que vem e brilha
Saúdo a estes loucos, que perambulam fantasias
Enquanto que, ao ébrio, amanhecido da orgia
Unicamente um afagar de dores, ao despertar das avarias.

Brindo e bebo. Mas não contigo, em tua bica
Prefiro beber com tais infames, que em tua sóbria companhia
Pois eu prefiro pronunciar em nome da loucura
Que calar-me em nome da preguiça.

Brindo hoje ao dia de amanhã
Que vem pr'aquele que se arrisca
Este dia que é belo, mas não se sabe
Pois, ainda não cessou-se a noite fria.

Porque meu cântico, um poema de amanhã
Só se completa com o raiar de mais um novo dia.


Leonardo Teixeira

domingo, 22 de maio de 2011

REAJA SUJEITO



Reaja sujeito! 
Seja verbo e concretize a ação.
Frutifique
E transparessa a sua emoção.

Reflita
E compreenda o sentido do pensar;
não sejas mecânico...
Faça, principalmente, por acreditar.

Reaja sujeito!
Verbalize, atue
Demonstre a iniciativa a se tomar.
Não apenas balbucie sons
Mas, aprenda a se comunicar.

Reaja sujeito!
Pare pra ouvir, pra processar.
Não se intimide, sejas sincero
E saiba quando deves criticar.
Demonstre autonomia, tenhas coragem
Para viver, para tentar.

Não torne-se apático
Ou melancólico...
Pois, o medo...
Só te fará titubear.



Leonardo Teixeira

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?


(O eco de suas palavras não repercute em nada...)



Hoje o que mais se noticia no Brasil são as possíveis mudanças no Código Florestal (PL 1.876/99). Ou será que isso foi ontem? Acredito que nesse momento deve ter surgido algum outro assunto que chame a atenção da mídia e população brasileiras. Talvez algum ex BBB tenha sido fotografado seminu ou foi à marcha da maconha em SP, tida por muitos como uma aglomeração de vagabundos, metidos a hippies pós-modernos, que queriam apenas uma desculpa para ficar high...
O fato, é que alguns deputados e senadores (eleitos para representar uma minoria elitista) tentaram, na semana retrasada, nos impor “goela a baixo” esse novo conjunto de normas que, por sinal, descredencia (e muito) nosso país no que se refere à conservação da biodiversidade, à manutenção de serviços ecossistêmicos e na busca por uma sociedade ambientalmente sustentada. Mas, o que estamos fazendo a respeito? Quais são as notícias que lemos ou ouvimos por aí? E, novamente, como é de costume em nossos dias, o fervor de poucos na busca por um país justo e igualitário é escondido na neblina das notícias de anteontem, porque hoje o que interessa é o futebol. Ah, o futebol! Esse esporte tão belo e aglutinador das massas! Mas, por que só nos unimos em momentos de festa ou de mínima importância? Não existiria uma maneira melhor de exercermos nossa cidadania? Enfim, meu intuito aqui não é suscitar uma crítica à sociedade brasileira nem tampouco ao supracitado projeto de lei (o qual já passou por sabatina exaustiva de pesquisadores renomados), mas sim promover a reflexão e o auto-exame.
Nas listas de discussões das quais participo via internet e, mesmo nos corredores da universidade e na casa de amigos, tenho ouvido e refletido sobre vários argumentos e perspectivas. Entretanto, o que mais me chama atenção não é o fato da maioria de nossa população ser totalmente apolitizada e recusar-se a discutir tais assuntos. Ora, como poderíamos existir e progredir como sociedade sem refletirmos sobre nossas ações políticas? Uma vez que, essa nos permeia em todos os aspectos, desde a escolha do síndico do condomínio a aprovação daquela pesquisa científica que pretendemos realizar em determinada área de proteção ambiental. Novamente, esse fato já não me perturba tanto, pois poderemos promover discussões sadias com aqueles que realmente as procuram. O que me deixa consternado é tamanho individualismo do qual nos utilizamos para formular nossas opiniões, sem antes considerarmos a plenitude das possibilidades e real repercussão que determinado assunto terá. Já bastam que assim o sejam aqueles que, infelizmente, nos representam enquanto nação. Esses ditos, que sustentamos à duras penas (é justo que se diga) para unicamente se embriagarem de poder e defenderem interesses escusos. O que me transtorna, são a apatia e a condescendência com que aceitamos as falcatruas e descalabros praticados por aqueles que foram indicados como zeladores de nossos interesses. Até quando nos permitiremos manipular e sermos tratados como gentis ignorantes? Ora, será que nunca iremos perceber que uma democracia se erege pelo povo e que depende deste povo fazê-la justa e, verdadeiramente, democrática? Percebam que não digo para que nos filiemos a uma coligação partidária qualquer e venhamos a dizer que agora sim (e unicamente assim) estamos contribuindo para o enriquecimento das discussões políticas em nosso país. Até porque, de dogmas já bastam aqueles que nos foram culturalmente inculcados durante a infância e nos fizeram pensar, por anos, que beber vitamina de manga fazia mal à saúde. Vejam, não sou contrário aos paradigmas e àquele que se interessa em defender os quais norteiam sua conduta, assim como o faço nesse momento. Contudo, acredito que o ser dogmatizado já não pensa por si próprio e jamais deveríamos rubricar uma ideia que não se originou em nossa mente.
A real intenção desse texto consiste em alertar para o fato de que só existiremos como nação justa e igualitária no momento em que nos fizermos ouvir, no momento em que assumirmos o controle dos fatos sem simplesmente nos deixarmos levar pela maré e, principalmente, compreendermos que só seremos suficientemente fortes quando aprendermos a ouvir e refletir sobre as diferentes opiniões na busca por um ideal comum que nos leve a pleitear em uníssono.
Afinal de contas, por quem é mesmo que os sinos insistem em dobrar? É para que eu ou você, ou ainda o “Zé da Silva” acorde pra mais um dia de trabalho. Ou é para que nosso Brasil afinal desperte, em todo o seu esplendor, deste sonho intenso no qual adormecemos a mais de 500 anos em um raio vívido de liberdade e justiça. E que, mais uma vez, possamos ouvir deste belo povo o brado heróico retumbante!






Leonardo Teixeira
22/05/11

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SOCIEDADE EXPURGATIVA



Expurgue a raiva, o medo
os sentimentos
Expurgue a si mesmo, os pecados
expurgue os erros.

Não evolua, não sinta, não viva
Nem imagine, vegete
Unicamente absorva, nunca transmita.

Não pense, não crie
nem ouse criticar
Aceite, ouça, cumpra as ordens
e saiba se calar.

Mantenha sua cabeça abaixada
Nunca me olhe nos olhos
Tampouco sonhe outra estrada.

Deixe os grilhões te acomodarem
Porque a conivência,
será sempre, juventude,
a sua única qualidade.

Eis as tarefas da vida,
dita o expurgo sistema.
Expurgue a sua vida inteira!


  



LEONARDO TEIXEIRA
09/02/06

PROTESTO AMBULANTE

Eu sou o protesto ambulante
Molambo, farrapo fétido
Subproduto da sociedade.

Eu sou sua indigestão
Sou eu o parasita
Que consome suas vísceras.

Eu apenas vomito minhas atitudes
E te invejo com gula
Unicamente pelo bel desfrute.

Eu sou o teu futuro morto
Sou o reflexo deste ou daquele medo
E me banho sempre de desgosto.

Eu sou descendente de um aborto
Filho da maldade e do desespero
Sou nada mais que um mero erro.

Sou vivo-morto,
Um zumbi perdido na escuridão
E eu sempre me encontro comigo
Em meio à multidão.

Eu sou o remanescente grito rebelde
Despejado sobre surdos
Atolados numa vida de decepção.

Hoje não sou ninguém
Mas ontem...
Todos foram meu eu.

Eu sou meu débil ego
No infinito dilacerado
Eu e minhas idéias...
À sangue frio guilhotinados.

E vou gritando nu, em pele e osso,
E minha carne sangra
A minha alma, ínfima,
Em suplícios se derrama.

Agora ouçam-me
Seus vermes, pseudo-cerebelos
Pois eu ilustro suas facetas
Suas glórias e pesadelos.

Porque eu vou cegá-los
Com minha angústia e ira
E em suas mentes, à pena crua,
Meus versos eternizar.

E nesse dia, talvez,
Nenhum de vós há de acreditar-me
Todavia me verão
O podre ser Humanidade.

(E não morrerei sem ter tentado!!!).







LEONARDO TEIXEIRA
05/10/2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MUNDO E HOMEM

O homem vivencia o mundo e, ambos,

Mundo e homem se conhecem.

O homem nasce, evolui e envelhece.

O mundo compartilha e muda

E, também, amadurece.

 

Porém, o homem cobiça, polui

E, esnobe, se enaltece.

Como se fosse a única

Ou a melhor dentre as espécies.

 

A este mundo, desfigurado,

Restam as cinzas do fogo-fátuo,

Pois lentamente ele fenece.







LEONARDO TEIXEIRA
28/10/2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ativismo contra Bayer e Monsanto: XXIII Congresso de Entomologia

Poesia recitada por "Biel" da rep. Aldeia durante a intervenção artística no XXIII Congresso Brasileiro de Entomologia - Natal, 30/09/2010

Saudável aquele velho sonho
Afável, apenas o é...
E nada mais que um mero estorvo.

Encontros, desencontros
Caminhos tortuosos e tu choves
Nestes dias tristonhos.

E eu, a planta murcha,
quase morta,
Te absorvo.

Gota a gota tu me encharcas
E eu te amparo, te recebo
Te engulo, sede ávida.

Chove em mim
E tua queda traz-me vida
Lava-me e retira das cinzas.

Salva porém e entrega-me,
por favor, a morte
Pois, tal vida em mim
Já não brilhas.


Leonardo Teixeira

Ativismo contra Bayer e Monsanto: XXIII Congresso de Entomologia



Um grupo de ativistas invadiu o Congresso de Entomologia, realizado em setembro de 2010 em natal - RN. Os ativistas fizeram uma intervenção artística dentro do stand da Monsanto, questionando os reais interesses destas empresas em relação ao financiamento de pesquisas científicas que visam apenas o lucro próprio e não apresentam retornos para sociedade.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SONETO DAS MULHERES


Mulheres...
Há muito tempo desejo escrevê-las
Suas peles, seus cheiros, seus olhares...
São como ferro e fogo,
um é molde e o outro se forja novo.

Em cada momento...
Um frágil e estranho jeito
de me encantarem.
Poder dizê-las...
É mais que belo, é sempre tenro
e quase eterno.

E quando me embriagam,
fico extasiado com seus cheiros,
com seus sorrisos, seus cabelos...
Hipnotizam-me, tiram-me o fôlego
E quando tento ser poético...
Eu as encontro e enlouqueço de novo.



  


LEONARDO TEIXEIRA
05/01/07

domingo, 26 de setembro de 2010

POETAS OU PROFETAS?


Poetas são amantes
Muito fáceis de se apaixonar
Poetizam a vida e versam
sobre o ridículo de cada dia.

São volúveis, metamórficos
São colóides, alcalóides
Fluem e brotam!
Em sua constante busca
pelo significado do ser.

Os profetas são sábios,
São suicidas, são missionários
E sangram-se em desejos
de entender a vida!
Perambulam e adormecem
em sua torpe rotina.

Profetas buscam no mundo,
compreender o criador
e toda a sua obra ser.

Já os poetas,
desejam apenas viver
E, em meio a todos ou
diante à incerteza dos fatos,
preferem enlouquecer
e unicamente sentir.




  

LEONARDO TEIXEIRA
28/12/06